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De dentista e para dentista

É antiético informar ao paciente por meio de um aplicativo que ele tem um tumor

Jacinto Bátiz, chefe de Bioética da SEMG, analisa seu uso na comunicação de diagnósticos ao paciente 

A tecnologia permitiu que a Medicina avançasse aos trancos e barrancos nos últimos anos. No entanto, com ela e sua velocidade imediata, o contato e a proximidade entre médicos e pacientes também foram perdidos. Os novos aplicativos móveis, que permitem o acesso às nossas informações clínicas, agilizam os procedimentos, mas é ético um paciente  saber o diagnóstico de uma doença por meio de uma mensagem e não na frente de um profissional?

Hyacinth Batiz, chefe do Grupo de Bioética SEMG e diretor do Instituto para Melhor Atendimento do Hospital San Juan de Dios em Santurce, em Biscaia, assegura que “a entrevista clínica com o paciente não deve ser substituída pelo uso de aplicativos móveis”, apontando que “Começamos a normalizar essa forma de comunicação”.

“Só em situações excepcionais em que é impossível uma relação pessoal com o paciente, poderia ser aceitável, mas em nenhum caso como  ferramenta clínica para substituir a relação médico-paciente presencial “, diz Bátiz à Redação Médica.

Além disso, o responsável pela Bioética da SEMG, admite que “embora existam cada vez mais meios de contactar os doentes, como WhatsApp ou e-mail, em situações extremas” seria necessário que no formulário de consentimento para uma biópsia  ” pergunta-se ao paciente qual é sua preferência ao informá-lo sobre seu resultado”.

“Para o médico também é mais
 difícil ter empatia pelo celular do que 
 pessoalmente na frente do paciente”

Bátiz destaca ainda que “os médicos estão cientes do impacto no paciente de um resultado negativo” e, embora procurem ser prudentes e empáticos ao dar a informação, “é  mais difícil conseguir essa empatia pelo celular do que fazê-lo pessoalmente na frente dos doentes”.

Por outro lado, o médico admite que é preciso ter em conta  “a grande diferença entre informar e comunicar um diagnóstico”. “Informar é apenas transmitir as más notícias clínicas, comunicar é dar ao paciente uma visão completa e compreensível da situação e fomentar a cooperação positiva visando os melhores resultados possíveis”, ressalta. Desta forma, como garante Bátiz a este jornal, podemos informar através dos telemóveis, mas não podemos comunicar, por este meio, tudo o que o doente precisa de saber sobre a sua doença.

“Os doentes têm o direito de serem informados do seu diagnóstico e prognóstico, mas algumas condições devem ser tidas em conta para poder fornecer esta informação e comunicar adequadamente as más notícias”, afirma, admitindo que se deve ter em conta que más notícias “na verdade são dois”: aquela que muda as expectativas do paciente e também as de sua família. “Por esse motivo, o paciente precisa mais do que informações frias por meio de um aplicativo de celular”, acrescenta.

Diagnóstico por Apps: o que diz o Código de Ética Médica?

“Temos que ter muito cuidado nesta comunicação, procurando equilibrar a veracidade do que noticiamos e a delicadeza de como o comunicamos”, confessa Bátiz, antes de responder do ponto de vista da Ética Médica  “O artigo 15 do nosso Código de Ética Médica diz que o médico informará o paciente de forma compreensível, com veracidade, consideração e prudência”, acrescentando que “quando a informação incluir dados sobre gravidade ou mau prognóstico, ele fará um esforço para transmiti-lo delicadamente de forma que não prejudique o paciente.

 

Fonte: Redação Médica

Publicado em https://www.odontologos.mx/

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