Atualização diária
Hoje, dia 05 de setembro é o dia internacional da caridade.
O que o médico dentista faz ou pode fazer para ser parte de sua profissão caridade? Ou Responsabilidade Social? ou os dois?
Leia a matéria a seguir:
Durante muito tempo, de forma errada, confundiu-se responsabilidade social com filantropia ou mecenato, acções pontuais e muitas vezes desligadas do objecto de negócio da empresa. Estas acções podem fazer parte da sua política mas, por si só, não a tornam socialmente responsável. Afinal o que é ser socialmente responsável?
Esta ideia, que não é nova – já em 1920 o americano Henry Ford defendia que as empresas tinham de participar no bem-estar colectivo – traduz um valor que foi crescendo e evoluindo, até adquirir uma dimensão universal.
No Velho Continente, em 2001, a Comissão Europeia lançou o Livro Verde para a Responsabilidade Social, definindo-a como «um comportamento que as empresas adoptam voluntariamente e para além das prescrições legais, porque consideram ser esse o seu interesse a longo prazo».
Posteriormente ao lançamento do livro, a CE incentivou as empresas cotadas em Bolsa, que integram um mínimo de 500 trabalhadores, a publicar os seus relatórios anuais de forma tripartida, ou seja, tendo em atenção os critérios sociais, ambientais e económicos.
Acções práticas
Então, mas em que consiste o conceito de responsabilidade social? De acordo com o Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e à Inovação (IAPMEI), «a responsabilidade social das empresas é a integração voluntária de preocupações sociais e ambientais nas suas operações e na sua interacção com todas as partes interessadas. Assim, as empresas contribuem para a satisfação das necessidades dos seus clientes, gerindo simultaneamente as expectativas dos trabalhadores, dos fornecedores e da comunidade local. Trata-se de contribuir, de forma positiva, para a sociedade e de gerir os impactos ambientais da empresa, o que poderá proporcionar vantagens directas para o negócio e assegurar a competitividade a longo prazo».
Luís Bento acrescenta que, do ponto de vista europeu, a responsabilidade social das empresas «é ainda uma contribuição clara e inequívoca para ultrapassar aquilo que são os mínimos legais ou regulamentares, contribuindo, dessa forma, para o desenvolvimento integrado das sociedades contemporâneas e os anseios dos diferentes stakeholders e shareholders».
No fundo, a responsabilidade social das empresas enquanto processo sistemático «tem de acrescentar algo ao que é exigido pela Lei nas diferentes dimensões que integram a SER – interna e externa», acrescenta o professor.
Contribuir para a sociedade
No campo privado, as clínicas de Medicina Dentária também desenvolvem algumas acções de responsabilidade social. Tanto na dimensão interna – adopção de políticas de recrutamento não discriminatórias; acesso a formação; equilíbrio família-trabalho; higiene e segurança – como na externa – cooperação com a comunidade, responsabilidade ambiental; mecenato.
No entanto, é neste último campo que as actividades deste tipo de empresas são mais activas, a julgar pelas respostas obtidas junto de algumas clínicas. Exemplo disso é a experiência de Mércia Cabrera, médica dentista há 20 anos, metade dos quais passados no Brasil, que assume que pratica actividades de prevenção, «inclusive apoiamos uma instituição de acolhimento de menores, com atendimento semanal de duas crianças». A médica dentista afirma ainda que «todos somos responsáveis pela sociedade em que vivemos» e que a sua política de trabalho sempre foi: «a melhor defesa é a prevenção». Apenas lamenta que esta máxima não seja utilizada tantas vezes como devia.
Por seu turno, Bryan Ferreira revela que, dado a clínica onde trabalha ser recente (cerca de três anos), não tem qualquer política de responsabilidade social. Porém afirma que, «quando disponível, a clínica fornece material didáctico sobre higiene oral para algumas escolas primárias da região».
Quem assume que gostaria de fazer mais no âmbito da responsabilidade social é a médica dentista Danielly Garcia. Assim, além da realização esporádica de algumas campanhas de orientação e educação em saúde oral, a clínica onde exerce tem protocolo com a Cruz Vermelha Portuguesa e também realiza uma campanha junto da Legião da Boa Vontade, «responsável pelo atendimento ambulatório de aproximadamente 240 crianças no âmbito da Odontopediatria preventiva e curativa e da Ortodontia Interceptativa».
Durante muito tempo, de forma errada, confundiu-se responsabilidade social com filantropia ou mecenato, acções pontuais e muitas vezes desligadas do objecto de negócio da empresa. Estas acções podem fazer parte da sua política mas, por si só, não a tornam socialmente responsável. Afinal o que é ser socialmente responsável?
Esta ideia, que não é nova – já em 1920 o americano Henry Ford defendia que as empresas tinham de participar no bem-estar colectivo – traduz um valor que foi crescendo e evoluindo, até adquirir uma dimensão universal.
No Velho Continente, em 2001, a Comissão Europeia lançou o Livro Verde para a Responsabilidade Social, definindo-a como «um comportamento que as empresas adoptam voluntariamente e para além das prescrições legais, porque consideram ser esse o seu interesse a longo prazo».
Posteriormente ao lançamento do livro, a CE incentivou as empresas cotadas em Bolsa, que integram um mínimo de 500 trabalhadores, a publicar os seus relatórios anuais de forma tripartida, ou seja, tendo em atenção os critérios sociais, ambientais e económicos.
Acções práticas
Então, mas em que consiste o conceito de responsabilidade social? De acordo com o Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e à Inovação (IAPMEI), «a responsabilidade social das empresas é a integração voluntária de preocupações sociais e ambientais nas suas operações e na sua interacção com todas as partes interessadas. Assim, as empresas contribuem para a satisfação das necessidades dos seus clientes, gerindo simultaneamente as expectativas dos trabalhadores, dos fornecedores e da comunidade local. Trata-se de contribuir, de forma positiva, para a sociedade e de gerir os impactos ambientais da empresa, o que poderá proporcionar vantagens directas para o negócio e assegurar a competitividade a longo prazo».
Luís Bento acrescenta que, do ponto de vista europeu, a responsabilidade social das empresas «é ainda uma contribuição clara e inequívoca para ultrapassar aquilo que são os mínimos legais ou regulamentares, contribuindo, dessa forma, para o desenvolvimento integrado das sociedades contemporâneas e os anseios dos diferentes stakeholders e shareholders».
Exemplo da OMD
Outra das acções desenvolvidas neste âmbito é o programa de formação contínua para todos os seus associados, em vários pontos do país, através da realização de cursos, palestras, jornadas e congressos. Periodicamente, a OMD organiza ainda «actividades de carácter lúdico/desportivo que visam fomentar o convívio entre colegas, criar espírito de grupo e possibilitar a troca informal de ideias e experiências».
Contribuir para a sociedade
No campo privado, as clínicas de Medicina Dentária também desenvolvem algumas acções de responsabilidade social. Tanto na dimensão interna – adopção de políticas de recrutamento não discriminatórias; acesso a formação; equilíbrio família-trabalho; higiene e segurança – como na externa – cooperação com a comunidade, responsabilidade ambiental; mecenato.
No entanto, é neste último campo que as actividades deste tipo de empresas são mais activas, a julgar pelas respostas obtidas junto de algumas clínicas. Exemplo disso é a experiência de Mércia Cabrera, médica dentista há 20 anos, metade dos quais passados no Brasil, que assume que pratica actividades de prevenção, «inclusive apoiamos uma instituição de acolhimento de menores, com atendimento semanal de duas crianças». A médica dentista afirma ainda que «todos somos responsáveis pela sociedade em que vivemos» e que a sua política de trabalho sempre foi: «a melhor defesa é a prevenção». Apenas lamenta que esta máxima não seja utilizada tantas vezes como devia.
Por seu turno, Bryan Ferreira revela que, dado a clínica onde trabalha ser recente (cerca de três anos), não tem qualquer política de responsabilidade social. Porém afirma que, «quando disponível, a clínica fornece material didáctico sobre higiene oral para algumas escolas primárias da região».
Quem assume que gostaria de fazer mais no âmbito da responsabilidade social é a médica dentista Danielly Garcia. Assim, além da realização esporádica de algumas campanhas de orientação e educação em saúde oral, a clínica onde exerce tem protocolo com a Cruz Vermelha Portuguesa e também realiza uma campanha junto da Legião da Boa Vontade, «responsável pelo atendimento ambulatório de aproximadamente 240 crianças no âmbito da Odontopediatria preventiva e curativa e da Ortodontia Interceptativa».
Acção social no topo
Dado que as clínicas são negócios criados e geridos por profissionais, estas emergem como territórios em que se desenvolvem duas lógicas distintas sobre a sua natureza e funções a desempenhar: um sistema organizado para competir no mercado versus um espaço profissional ao serviço da comunidade.
E é neste último campo que estas microempresas desenvolvem a grande maioria das suas acções de responsabilidade social, que conferem um sentido mais amplo ao exercício da actividade económica, designadamente para a qualidade de vida das populações.
Fernando Almeida conta que a Clínica Infante Sagres contribui para algumas acções de instituições sociais, como a CADIM-Centro de Apoio ao desenvolvimento infantil. A título pessoal, o médico dentista revela que desenvolve acções no âmbito de ajuda a crianças abandonadas e vítimas de maus-tratos à instituição Frei Gil, inserido no apoio Onda Pura/ Escola de Surf.
Outra clínica que assume ter preocupações no campo da solidariedade social é a Clínica Médica Dentária dos Carvalhos, dirigida por Fernando Almeida, que ajuda instituições como a Unicef, Cercigaia, AMI e o Lar Juvenil dos Carvalhos. Além disso, o médico dentista recebe semanalmente, «de forma gratuita, várias crianças necessitadas de tratamentos dentários, que são efectuados pela equipa clínica de forma a proporcionar-lhes uma melhor saúde oral».
Acções semelhantes são desenvolvidas na Clínica Dentária da Lapa, propriedade de Miguel Stanley, que é também responsável pela Linha Dentária de um portal na Internet, destacando que «comunica com mais de 180 mil pessoas por mês» e que criou o Programa da Educação Dentária, com o qual percorre várias escolas da zona de Lisboa.
Também a DentalMed assegura que «assume como missão a satisfação dos pacientes de uma forma excepcional, através da prestação de serviços médico-dentários de alta qualidade e acessíveis a todos. Como prestadora de cuidados de Saúde, pretende ter um papel activo na sociedade na qual está inserida, integrando uma política de responsabilidade social nas suas práticas diárias de gestão». Assim, a clínica afirma que desenvolve «periodicamente acções de sensibilização para a importância dos cuidados a ter com a saúde oral infantil, junto de escolas e de instituições de apoio social», nas quais toda a sua equipa clínica, «constituída por 29 médicos dentistas, participa activamente, contribuindo voluntariamente com o seu tempo, conhecimento e experiência».
Apesar de todas estas “boas acções”, na óptica de Luís Bento, só se poderá falar em boas práticas de responsabilidade social quando estas actividades forem alvo de uma avaliação externa e independente. Até porque, segundo o seu ponto de vista, «boa prática em responsabilidade social das empresas será todo o acto de gestão continuado que, na sua essência, revele algo de inovador na conjugação de factores sociais, económicos e ambientais, e que acrescente algo de significativo às determinações legais e regulamentares».
Faculdades também assumem preocupações
Porque formam os médicos dentistas do amanhã, as faculdades de Medicina Dentária possuem cadeiras de ética em que o tema da responsabilidade social é abordado, sem esquecer que tentam adoptar boas práticas nesta matéria para servir de exemplo.
Além disso, muitas destas instituições possuem clínicas universitárias externas onde os utentes podem ter acesso a consultas a preços mais baixos. Um desses casos é a Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto, em que se rentabilizam os recursos materiais e humanos quando estes não estão a ser utilizados nas aulas. Também a Clínica Dentária Universitária da Universidade Católica Portuguesa – Centro Regional das Beiras, em Viseu, presta desde 2002, serviços médicos à comunidade.
Em conclusão, podemos afirmar que a preocupação das empresas no campo da responsabilidade social tem vindo a crescer ao longo dos últimos anos, fruto da evolução dos tempos, mas também da necessidade de as organizações se manterem competitivas num mercado cada vez mais agressivo. E este pode ser um factor diferenciador.
O especialista Luís Bento explica ainda que anteriormente havia a noção de que a responsabilidade social «exigia um investimento enorme, só ao alcance das empresas de grande dimensão». Contudo, o que se verifica actualmente é que este investimento «está muito mais ligado a uma refundação e reorientação da gestão do que propriamente ao investimento económico». Convém ainda salientar que «o retorno, em termos de notoriedade interna e externa, é cada vez maior».
Da teoria à prática
Para a implementação de um projecto de responsabilidade social dentro de uma empresa, convém seguir algumas das regras. Entre elas a de que este deve envolver todos os recursos humanos da organização, por mais pequena que esta seja.
A política de responsabilidade social não pode ser cumprida apenas por uma parte da empresa, por algumas áreas de actividade ou funcionários. Ser uma organização “responsável” implica um comprometimento de toda a companhia, caso contrário estar-se-á apenas a efectuar pequenas iniciativas altruístas mas não a assumir a sua responsabilidade social.
Outro factor a não descurar é a divulgação desta política ao consumidor, já que a organização só terá a beneficiar. Desta forma, a empresa revela o seu trabalho de responsabilidade social e constrói uma relação de confiança tanto com os trabalhadores como com os consumidores. Todos ficam a saber que as suas metas não passam exclusivamente pelo lucro próprio, mas também por contribuir para o conforto da sociedade em geral.
A comunicação dos valores da empresa e da sua responsabilidade social pode servir como factor de diferenciação positivo, ao aumentar a sua reputação. Desta forma, não só estará a contribuir para uma maior satisfação dos recursos humanos da companhia, como poderá até levar a um aumento do número de clientes. Isto porque não são apenas as empresas a assumir preocupações no âmbito da responsabilidade social, também os consumidores pedem muitas vezes satisfações neste campo.
No estudo “Atitudes dos Consumidores Europeus face à Responsabilidade Social das Empresas”, elaborado pela Marketing & Opinion Research Institute (MORI) e pela CSR Europe, apresentado em 2000 e que abrangeu cerca de 12 mil pessoas de 12 países da UE, concluiu-se que cerca de 70% dos consumidores europeus afirmava que o empenho das empresas para com a sua responsabilidade social é importante aquando da decisão de adquirir um produto ou um serviço. Além disso, 44% destes consumidores estavam dispostos a pagar mais por um produto que fosse social e ambientalmente responsável.
Fonte: Saúde Oral